quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

ÍNDIOS ZO'E PROIBIDOS DE VER COM OS MISSIONÁRIOS

Amigos, olha a FUNAI colocando palavras na boca dos Zo'é!

A foto denuncia todo o esquema. A matéria diz que a maior ameaça aos Zo'é são os missionários. Diz também que "qualquer forma de proselitismo afim de cooptar grupos indígenas é crime". Os missionários foram todos expulsos da área indígena, faz 19 anos que são proibidos de ver os Zo'é. Hoje os Zo'é acreditam que seus amigos missionários estão todos mortos, poi só a funai, os turistas, pesquisadores e fotógrafos estrangeiros entram na área. Em viagem Brasília pela primeira vez, os índios foram mantidos sob um forte esquem de segurança, para que em nenhum momento pudessem ser encontrados pelos missionários, que falam a língua fluentemente. Hoje, o que os índios querem é permissão para adquirir ítens básicos como facas e anzóis, que em muito facilitariam sua vida. Querem deixar de ser um zoológico humano, forçados a viver sem nenhum recurso apenas para o deleite de fotógrafos e curiosos. Querem também liberdade de contato com os seus parentes, os indígenas da tribo wai-wai. Querem barcos para que possam vencer o isolamento. O problema é que os wai-wai são crentes, e que os índios com certeza, se tiverem liberdade, vão procurar os wai-wai e os missionários que trabalham na região. E a FUNAI quer protegê-los dessa ameaça. Por isso tem a desfaçatez de dizer que o que eles estão pedindo não é importante, que o importante é que eles sejam protegidos dos missionários. Veja na matéria abaixo, publicada na Agência Brasil.


Funai defende mais proteção para reserva indígena no norte do Pará
Alex RodriguesRepórter Agência Brasil 15/02/2011
Brasília - Oito índios da etnia Zo'é deixaram sua aldeia, na área indígena Cuminapanema, no norte do Pará, e viajaram a Brasília para pedir maior atenção das autoridades com seu povo. Do grupo de sete homens e uma mulher que chegou ontem (14) à capital, seis jamais haviam deixado sua aldeia.
Índios Zo’é participaram hoje, em Brasília, de audiência com o ministro da Justiça, José Eduardo Cardoso.
Na foto, um deles, de total de 8, aparece alheio aos acontecimentos.
Presente à audiência, o indigenista João Carlos Lobato voltou a apontar os grupos religiosos (católicos e evangélicos) como “a maior ameaça ao modo de vida dos Zo’és”
Hoje (15), o grupo foi recebido pelo ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, e pelo presidente da Fundação Nacional do Índio (Funai), Márcio Meira. Segundo o coordenador geral de Índios Isolados e Recém Contatados da Funai, Elias Biggio, embora os zo'é tenham se limitado a pedir ao ministro material de caça e pesca, barcos e combustível, eles precisam é que o Estado os proteja da ação ilegal de garimpeiros e, principalmente, de religiosos que atuam na reserva indígena. O grupo permanecerá em Brasília até esta quinta-feira e precisou da ajuda de tradutores durante o encontro com o ministro.“O estado brasileiro deve proteger estes índios, garantindo-lhes a sobrevivência física e cultural”, disse Biggio à Agência Brasil. “A região é alvo de grandes projetos econômicos, como de agropecuária e de extração de bauxita e os Zo'é são extremamente vulneráveis já que seu contato com a nossa civilização é muito limitado e eles não tem conhecimento sobre os riscos a que estão sujeitos”. Para o coordenador da Funai na reserva, o indigenista João Carlos Lobato, a maior ameaça ao modo de vida dos zo'é, no entanto, é o trabalho desenvolvido por grupos religiosos católicos e evangélicos que chegam a empregar índios de outras etnias para convencer os zo'é a seguir suas crenças. Isso, de acordo com Lobato, que vive em Cuminapanema há 15 anos, representa um risco de os índios abandonarem seus hábitos e costumes. De acordo com Lobato, embora já tivessem contatos esporádicos com pessoas de fora da aldeia há muito mais tempo, o encontro dos zo'és com os missionários ocorreu em 1982 e se intensificou a partir de 1987. Em 1989, uma epidemia de gripe atingiu praticamente toda a aldeia. A Funai foi acionada e os missionários foram retirados da área. Na época, a comunidade indígena havia sido reduzida a pouco mais de 130 pessoas. Hoje, este número subiu para 240. Além disso, os índios recuperaram parte de sua antiga autonomia. Embora a Funai procure preservar os índios isolados do convívio com outras sociedades – ao contrário de quando adotava a política de contatar e integrá-los -, os próprios zo'é tem demonstrado interesse em ampliar as relações com a sociedade que os cerca. Para fortalecer a cultura da comunidade e prepará-la para as consequências da maior convivência, a Funai, em parceria com universidades como a Universidade de São Paulo (USP) e a Universidade de Brasília (UnB), tem desenvolvido projetos pedagógicos para fortalecer a autonomia dos zo'é. “Os Zo'é hoje querem outras coisas que não tem em sua aldeia, como barcos e armas. Se isso é benéfico ou não é uma outra questão da qual não tratamos, pois a atual política estabelece o respeito à autodeterminação dos povos indígenas. Além disso, podemos impedir que pessoas de fora da comunidade entrem na reserva, mas não que os zo'é saiam, atraídos pela ofertas destes grupos”, explicou Lobato, lembrando que qualquer forma de proselitismo com o fim de cooptar grupos indígenas é crime.
Leia também:Questão Zo’e: a história que não é contada.Os Zo’é não vivem numa “redoma”.Funai abandona índios Zo’e, denuncia TV.
Edição: Rivadavia Severo

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